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Origens do homem brasileiro

Entre as hipóteses mais aceitas para a colonização das Américas está a que estabelece que a migração principal foi a de elementos provenientes da Mongólia, na Ásia, em levas sucessivas, através da Ponte Terrestre de Bering. Admite-se também que uma imigração menor, equivalente a 1 – 2%, teria vindo da Melanésia ou Sudeste Asiático.

No caso do Brasil, a descoberta de um fóssil humano de 11,5 mil anos, apelidado de Luzia, em Lagoa Santa, Minas Gerais, colocou dúvidas quanto a esta hipótese, já que a pertence a uma mulher com nítidas características polinésias, indicando que deve ter havido alguma forma de povoamento vindo do Pacífico Sul.

Há uma teoria que diz que o Homem se espalhou pelas Américas a uma velocidade de cerca de 1 km/ano. Para chegar do Alasca a Santarém (Pará), no Brasil, uma viagem de cerca de 20.000 km, os homens teriam levado pelo menos 20.000 anos no trajeto.

Sítios arqueológicos brasileiros muito antigos foram achados desde São Raimundo Nonato no Piauí (de aproximadamente 60.000 anos) até à região dos pampas (com mais 10.000 anos). Nessa última região já foram inclusive achados fragmentos de ossos de um Megaterium, com aparentes marcas da ação humana.

Nos Estados Unidos da América existem evidências mais concretas do contato destes primeiros habitantes americanos com a paleofauna da região, como as pontas de flechas da cultura Clóvis e da cultura Folson, datadas de cerca de 15.000 anos.

A aparente contradição entre a data de migração pela Beríngia e a idade do homem mais velho na América do Sul nos remete às hipóteses de uma extensão do povoamento a partir das ilhas do Pacífico, talvez vindos da África ou a erros técnicos de datação do material do Piauí. Todavia, no Brasil, além dos restos do Piauí, existe também um antiquíssimo conjunto achado na região de Lagoa Santa (Minas Gerais), possivelmente os representantes do antigo grupo lingüístico do país – Macro Jê -, cujos descendentes mais próximos hoje seriam os índios cariris e botocudos.

Um achado interessante desse possível contato são os desenhos da Toca do Boqueirão, no Sítio da Pedra Furada, também no Piauí, que parecem representar uma cena de ataque dos terríveis felinos que já habitaram o continente.

As concepções dos atuais índios que habitam a região nordeste do país, a exemplo dos cariris, apesar de bastante modificadas, ainda podem se constituir num elemento útil para decifrar tais representações com uma estratégia conjetural. Uma interpretação sobre os desenhos da figura humana desses povos revela uma surpreendente complexidade que pode muito bem corresponder a um mapa das sensações corporais e/ou uma concepção de corpo e espírito. Os encantados são descritos pelos cariris, em geral, como homens descomunais, ferozes e implacáveis, de feição rude e olhos esbugalhados, verdadeiramente assustadores, segundo o antropólogo Nascimento, que estudou em sua tese para Mestrado na Universidade Federal da Bahia os rituais e identificação étnica dos índios do nordeste a partir das concepções de um grupo remanescente – os cariris de Mirandela (Bahia) em 1994.

Segundo esse autor, também caracterizam o “gentio bravo” ou seus antepassados que ainda vivem no mato.